Água, fonte da vida. Ajude a preservar

quarta-feira, 23 de março de 2011

Ricardo Rocha utiliza Tribuna Livre da Câmara para falar sobre o Dia Mundial da Água



No Dia Mundial da Água o ambientalista Ricardo Rocha utilizou a Tribuna Livre da Câmara para apresentar dados sobre o consumo da água e solicitou um consumo racional do bem.

Segundo o tribuno, uma torneira pingando em um ano está sendo desperdiçando 11.200 litros d’água. Para lavar a calçada com a mangueira por 15 minutos estará sendo consumindo 250 litros d’água. "Se gastarmos mais de 200 litros de água/dia, além de estarmos jogando dinheiro fora está sendo desperdiçados nossos recursos hídricos. Precisamos fazer o uso racional da água".

Confira o seu pronunciamento na íntegra:

Cuidar da água é cuidar da vida.

Hoje comemoramos o Dia Internacional da Água e estou feliz em ocupar a tribuna da Câmara Municipal de Divinópolis, para comemoramos juntos essa data.
Vou aproveitar o uso dessa tribuna para apresentar alguns dados porque devemos fazer o uso racional da água e também que cuidar da água é cuidar da vida; é um dever da sociedade. 

Por exemplo:
Se deixarmos uma torneira pingando ao cabo de um ano está sendo desperdiçando 11.200 litros d’água. Se usarmos por 15 minutos uma mangueira para lavarmos a calçada estará sendo consumindo 250 litros d’água, o que significa que estamos fazendo o uso indiscriminado da água. Se gastarmos mais de 200 litros de água/dia, além de estarmos jogando dinheiro fora está sendo desperdiçados nossos recursos hídricos. Se tomarmos um banho no máximo de 15 minutos podemos ficar com a consciência limpa e ficarmos limpo.

Como todos sabem a quantidade de água existente na terra não se altera, mas o volume de água potável está sendo perdido graças à poluição e contaminação provada por nos mesmos. Estudos recentes realizados mostram que mais de 38.000 crianças menores de 5 anos morrem por semana no mundo pelo uso de água imprópria ao consumo contaminadas por bactérias com escheriquia coli, salmonelas, shistosomose, cólera, hepatite A.

Precisamos fazer o uso racional da água.

E mais ainda proteger nossas nascentes. Assim como nascemos das entranhas de uma mulher, das entranhas da terra surge água como fonte de vida, criando e recriando a vida por onde passa.

Hoje já se calcula o consumo dos recursos hídricos utilizados na produção industrial e agrícola através de um conceito chamado Água Virtual, que analisa com mais precisão o impacto ambiental de cada produto em sua cadeia de produção.

Já imaginaram o quanto foi consumido de Água Virtual para
tomarmos uma xícara de café de 100ml? Foram consumidos na sua cadeia de produção em média 140 litros.

Para que você possa vestir uma calça jeans são consumidos na sua cadeia de produção 10.000 litros de água virtual. Quando vocês forem às compras lembrem-se desses números:

Para um quilo de carne bovina são gastos em média 15.000 litros. Carne suína; 6.000litros; carne de frango; 4.000 litros
Um quilo de banana; 500litros. Laranja 350 litros
Tomate 190 litros. Batata; 120 litros de água virtual.

No setor agrícola o Brasil hoje é o maior exportador de água virtual do mundo graças sua produção principalmente da soja.

Já imaginaram quantos milhões de m3/ano de água virtual Divinópolis importa, transforma e consume para manter seu crescimento econômico?

Hoje, 22 de março dia mundial da água, faço um apelo à população de Divinópolis para preservar nossas nascentes, todas as nascentes da bacia hidrográfica do Rio Itapecerica, pois a vida de cada um de nos depende de suas águas.

Assim como a água é capaz de regular a temperatura de nosso corpo, ela também é responsável para regular a temperatura do planeta.
Cumpre, portanto, que nos preocupemos com as degradações ambientais. Com os fatores que desencadeiam o Aquecimento Global que nos últimos anos tem interferido muito no ciclo das águas.

O regime das chuvas está sofrendo as conseqüências do calor que causam a evaporação rápida das águas dos oceanos, produzindo nuvens cada vez mais carregadas de eletricidade provocando tempestades seguidas de ventos fortes e relâmpagos, causando enchentes deixando um rastro de destruição e morte em todas as partes que acontecem este fenômeno. 

Além do mais, estas águas voltam para os oceanos com a mesma velocidade que de lá vieram.

Em outras partes do mundo é a seca que assola regiões inteiras.

A ONU estabeleceu que esse ano de 2011 como Ano Internacional das Florestas. Porque é sabido que a desertificação avança pelo planeta, tornando-se áridas e improdutivas várias regiões da terra o que já tem levado a miséria, a fome e a sede a populações inteiras e pior ainda será, a pressão demográfica provocadas pelos retirantes dessas áreas que podem causar transtornos de conseqüências imprevisíveis para os países vizinhos e também para o Brasil pelo seu potencial hidrográfico.

Estima-se que em 20 anos 48 países deveram enfrentar problemas pela escassez de água e afetará uma população de mais de 2.5 bilhões de habitantes.

Muitos de nos passamos a dar valor a alguma coisa só depois que a perdemos. Espero que com a água seja diferente.

Precisamos nos colocar do lugar daqueles, que já estão tão longe da água sofrendo com sua falta. Vocês já devem ter percebido que trato a água igual a um ser vivo, como uma espécie de ente querido, que não consigo viver sem ela, que faz parte de mais 70% do meu corpo, mas é a partir de nossos
pequenos gestos do dia a dia que podemos viver em harmonia com a água, sem poluí-la com detergentes, com chorumes que escorrem dos lixões e aterros sanitários, sem envenená-la com agrotóxicos, protegendo as matas ciliares de pequenos riachos e de rios, cuidando das nascentes d’água.

Quero fazer aqui dois depoimentos que muito me entristeceram.

Ao visitar uma cidade ao passar por uma ponte vi uma placa bem grande escrito “O Rio Pedi Socorro”. Parei pra ver, na realidade ali não estava um rio, mas uma imensa e caudalosa rede de esgoto correndo a céu aberto.
Em outro local um pescador ancorando sua canoa me disse:
Meu senhor os peixes estão escassos e o rio aqui agoniza no seu leito de morte.

Na década de 60 muitos ambientalistas foram até perseguidos por criticarem o uso de pesticidas como milagre da ciência para salvar as lavouras, ainda bem que os tempos mudaram. Hoje os setores produtivos, o poder econômico, os governantes, cientistas, organizações e a sociedade como um todo apesar de certas dificuldades estão falando a mesma língua em busca do Desenvolvimento Sustentável

No dia 25 desse mês a ONG Mata Atlântica, junto com o Programa de Ciência Ambiental e o Instituto de Geociência da
USP promove um Seminário com o Titulo “Cuidar da água é um desafio para a sociedade”. Hoje estamos aqui na Tribuna da Câmara Municipal de Divinópolis abrindo espaço para conscientizarmos que Cuidar da água é cuidar da vida.
Vou ser bem incisivo no final de minhas palavras, como fiz no meu livro Um Ponto no Infinito quando escrevi: O homem depedra a natureza como um inquilino irresponsável que além de não o pagar o aluguel destrói o imóvel. Quer queira ou não teremos de mudar nosso estilo de vida se quisermos continuar morando no planeta terra.

Ao finalizar peço aos nobres vereadores, que todo projeto urbanístico, e de crescimento econômico de Divinópolis fossem aprovados em observância aos critérios do Desenvolvimento Sustentável de nossa querida cidade.

Quero convidar a todos que me ouvem para apoiarem as iniciativas da ANBV (Associação Nascentes Bela Vista) criada em 02 de março desse ano, para juntos prestarmos relevantes serviços a nossa população.


Obrigado.
Ricardo Rocha.




sábado, 19 de março de 2011

Presidente da ANBV utiliza Tribuna Livre da Câmara

O presidente da ANBV, Geraldo de Oliveira, utilizou a Tribuna Livre da Câmara, na reunião ordinária de quinta-feira (17), para falar do trabalho de conscientização e preservação que a ANBV vem realizando.

Alertou sobre a importância da preservação das nascentes e do não desperdício da água, que, de acordo com Geraldo, a água boa para consumo poderá acabar.

Falou também da 5ª Corrida em Defesa das Nascentes que acontecerá no próximo domingo, dia 20 de março, em comemoração ao Dia Mundial da Água. A largada acontecerá em frente a Praça São Francisco.
Confira o pronunciamento na íntegra:

Boa tarde Sr Presidente, demais Vereadores, imprensa,  todos presentes nesta casa e aos telespectadores  que nos acompanham pela TV Câmara.

Sr Presidente,
Hoje estou falando em nome da ASSOCIAÇÃO NASCENTES BELA VISTA denominado pela sigla ANBV. A ANBV é uma Associação civil, de Direito Privado, de caráter sócio-ambientalista, sem fins lucrativos, de duração indeterminada, regida por um Estatuto próprio e pelas demais disposições legais que lhe forem aplicadas. Sua sede está localizada na
Avenida Catalão, 460, no bairro Bela Vista.
Gostaria de aproveitar a oportunidade e expor algumas partes do nosso estatuto:

ARTIGO 1º
A ANBV tem como finalidades e objetivos principais:
I.Defender e proteger o meio ambiente e os recursos naturais, trabalhando
para a preservação de áreas ecologicamente importantes, conservação
da biodiversidade e estimulando a criação de unidades de conservação ;

II. Estimular e desenvolver o pleno exercício da cidadania através da
promoção da educação ambiental visando a melhoria da qualidade de
vida da população;

III. Estudar, pesquisar e divulgar as causas dos problemas ambientais e
as possíveis soluções, visando o desenvolvimento ecologicamente
sustentável;


V. Difundir atividades educativas, culturais e científicas realizando pesquisa,
conferências, seminários, cursos, treinamentos, editando publicações,
vídeos, processamento de dados, assessoria técnica nos campos
ambiental, educacional e sócio-cultural, bem como comercialização de
publicações, vídeos, serviços e assessoria, programas de informática,
camisetas, adesivos, materiais destinados a divulgação e informação
sobre os objetivos da Instituição, sempre aplicando o produto desta
comercialização, integralmente, na realização desses objetivos.;
VI. Estimular a parceria, o diálogo local e solidariedade entre os diferentes
segmentos sociais e também, participar, junto a outras entidades, de
atividades que visem interesses comuns.

No dia 22 de março é comemorado o  Dia Mundial da Água, e neste domingo dia 20/03  iniciaremos a semana de comemorações com  a realização da 5ª Corrida em Defesa das Nascentes. O objetivo principal deste evento é chamar a atenção para um problema gravíssimo A FALTA DE CUIDADOS COM AS NASCENTES DE NOSSA QUERIDA DIVINÓPOLIS, cidade privilegiada pois é cortada por dois rios, o Itapecerica e o Pará.

Hoje encontramos a vida por toda a parte.

O homem está em quase todos os lugares, mas seria isso realmente bom?

Queremos promover a conscientização da sociedade para que haja o uso racional do nosso líquido mais precioso:  A ÁGUA.

Protejam nosso planeta!

Sabemos que a maior parte do planeta Terra é coberto por água.

Na natureza toda essa água se mantém em movimento, passando de um estado a outro... e garantindo a vida na Terra, é o tão conhecido ciclo da água.

Desse total, uma pequena parte é composta por água doce, a água que usamos.

Se fosse possível colocar toda a água do planeta em uma garrafa de 1 litro, apenas uma gota serviria para bebermos!

Essa quantidade de água no planeta é a mesma há milhões de anos...
Mas a interferência do homem na natureza pode mudar isso. A poluição; a destruição de nascentes; o alto consumo de água e o desmatamento alteram o clima e a quantidade de chuvas.

De acordo com alguns especialistas, a água boa para consumo poderá acabar se não tomarmos os devidos cuidados; e isso não vai demorar muito.
No mundo poderá haver até guerras em busca de água!

E nós brasileiros, por termos a maior reserva de água do mundo, podemos nos tornar alvos principais das grandes potências mundiais e seus exércitos que a desejarão para abastecerem sua população, crescerem economicamente e aumentarem seus poderes políticos no mundo.
Porém, ainda há muito o que podemos fazer para evitar essa situação. Para isso temos que mudar hábitos cotidianos.

Vamos economizar água! Tratar a água como um líquido precioso, pois ela é muito preciosa.

Como fazer isto? É muito simples:

- Não demore muito tempo no banho,
- Não pressione a descarga por muito tempo,
- Feche a torneira ao lavar louça ou escovar os dentes.
- Espere acumular roupa para lavá-las na máquina,
- Reutilize a água da máquina para lavar a calçada ao invés de lavá-la com água limpa,

Há muito á ser feito para se economizar...

Se prestar atenção verá que temos muito o que mudar!

Seja consciente! O nosso futuro e o futuro de nossos filhos estão em nossas mãos.

Cuidar da água é cuidar da vida!

sábado, 12 de março de 2011

A carta do Chefe Seattle

por Cesar Corregiari

O Chefe Seattle, da tribo Suquamish, escreveu esta carta em 1854 para o presidente dos Estados Unidos, depois de o governo norte americano ter proposto a compra do território ocupado por aqueles índios.
“O Grande Chefe Branco” em Washington fez uma oferta por uma imensa área de território indígena e prometeu uma “reserva” para os índios. A resposta do Chefe Seattle, aqui reproduzida na íntegra, tem sido considerada uma das declarações mais belas e profundas já feitas sobre o meio-ambiente.Muitos anos se passaram, mas o conteúdo continua atual:
“Como você pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? A idéia é estranha para nós.
Se nós não somos donos da frescura do ar e do brilho da água, como você pode comprá-los?
Cada parte da Terra é sagrada para o meu povo.
Cada pinha brilhante, cada praia de areia, cada névoa nas florestas escuras, cada inseto transparente, zumbindo, é sagrado na memória e na experiência de meu povo.
A energia que flui pelas árvores traz consigo a memória e a experiência do meu povo.
A energia que flui pelas árvores traz consigo as memórias do homem vermelho.
Os mortos do homem branco se esquecem da sua pátria quando vão caminhar entre as estrelas.
Nossos mortos nunca se esquecem desta bela Terra, pois ela é a mãe do homem vermelho.
Somos parte da Terra e ela é parte de nós.
As flores perfumadas são nossas irmãs, os cervos, o cavalo, a grande águia, estes são nossos irmãos.
Os picos rochosos, as seivas nas campinas, o calor do corpo do pônei, e o homem, todos pertencem à mesma família.
Assim, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que quer comprar nossa terra, ele pede muito de nós.
O Grande Chefe manda dizer que reservará para nós um lugar onde poderemos viver confortavelmente.
Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos.
Então vamos considerar sua oferta de comprar a terra.
Mas não vai ser fácil.
Pois esta terra é sagrada para nós.
A água brilhante que se move nos riachos e rios não é simplesmente água, mas o sangue de nossos ancestrais.
Se vendermos a terra para vocês, vocês devem se lembrar de que ela é o sangue sagrado de nossos ancestrais.
Se nós vendermos a terra para vocês, vocês devem se lembrar de que ela é sagrada, e vocês devem ensinar a seus filhos que ela é sagrada e que cada reflexo do além na água clara dos lagos fala de coisas da vida de meu povo.
O murmúrio da água é a voz do pai de meu pai.
Os rios nossos irmãos saciam nossa sede.
Os rios levam nossas canoas e alimentam nossas crianças.
Se vendermos nossa terra para vocês, vocês devem lembrar-se de ensinar a seus filhos que os rios são irmãos nossos, e de vocês, e consequentemente vocês devem ter para com os rios o mesmo
carinho que têm para com seus irmãos.
Nós sabemos que o homem branco não entende nossas maneiras.
Para ele um pedaço de terra é igual ao outro, pois ele é um estranho que chega à noite e tira da terra tudo o que precisa.
A Terra não é seu irmão, mas seu inimigo e quando ele o vence, segue em frente.
Ele deixa para trás os túmulos de seus pais, e não se importa.
Ele seqüestra a Terra de seus filhos, e não se importa.
O túmulo de seu pai, e o direito de primogenitura de seus filhos são esquecidos.
Ele ameaça sua mãe, a Terra, e seu irmão, do mesmo modo, como coisas que comprou, roubou, vendeu como carneiros ou contas brilhantes.
Seu apetite devorará a Terra e deixará atrás de si apenas um deserto.
Não sei.
Nossas maneiras são diferentes das suas.
A visão de suas cidades aflige os olhos do homem vermelho.
Mas talvez seja porque o homem vermelho é selvagem e não entende.
Não existe lugar tranqüilo nas cidades do homem branco.
Não há onde se possa escutar o abrir das folhas na primavera, ou o ruído das asas de um inseto.
Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não entendo.
A confusão parece servir apenas para insultar os ouvidos.
E o que é a vida se um homem não pode ouvir o choro solitário de um curiango ou as conversas dos sapos, à noite, em volta de uma lagoa.
Sou um homem vermelho e não entendo.
O índio prefere o som macio do vento lançando-se sobre a face do lago, e o cheiro do próprio vento, purificado por uma chuva de meio-dia, ou perfumado pelos pinheiros.
O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo hálito – a fera, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo hálito.
O homem branco parece não perceber o ar que respira.
Como um moribundo há dias esperando a morte, ele é insensível ao mau cheiro.
Mas se vendermos nossa terra, vocês devem se lembrar de que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seus espíritos com toda a vida que ele sustenta.
Mas se vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la separada e sagrada, como um lugar onde mesmo o homem branco pode ir para sentir o vento que é adoçado pelas flores da campina.
Assim, vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra.
Se resolvermos aceitar, eu imporei uma condição – o homem branco deve tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos.
Sou um selvagem e não entendo de outra forma.
Vi mil búfalos apodrecendo na pradaria, abandonados pelo homem branco que os matou da janela de um trem que passava.
Sou um selvagem e não entendo como o cavalo de ferro que fuma pode se tornar mais importante que o búfalo, que nós só matamos para ficarmos vivos.
O que é o homem sem os animais?
Se todos os animais acabassem, o homem morreria de uma grande solidão do espírito.
Pois tudo o que acontece aos animais, logo acontece ao homem.
Todas as coisas estão ligadas.
Vocês devem ensinar a seus filhos que o chão sob seus pés é as cinzas de nossos avós.
Para que eles respeitem a terra, digam a seus filhos que a Terra é rica com as vidas de nossos parentes.
Ensinem as seus filhos o que ensinamos aos nossos, que a Terra é nossa mãe.
Tudo o que acontece à Terra, acontece aos filhos da Terra.
Se os homens cospem no chão, eles cospem em si mesmos.
Isto nós sabemos – a Terra não pertence ao homem – o homem pertence à Terra.
Isto nós sabemos.
Todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família.
Todas as coisas estão ligadas.
Tudo o que acontece à Terra – acontece aos filhos da Terra.
O homem não teceu a teia da vida – ele é meramente um fio dela.
O que quer que ele faça à teia, ele faz a si mesmo.
Mesmo o homem branco, cujo Deus anda e fala com ele como de amigo para amigo, não pode ficar isento do destino comum.
Podemos ser irmãos, afinal de contas.
Veremos.
De uma coisa nós sabemos, que o homem branco pode um dia descobrir – nosso Deus é o mesmo Deus.
Vocês podem pensar agora que vocês O possuem como desejam possuir nossa terra, mas vocês não podem fazê-lo.
Ele é Deus do homem, e Sua compaixão é igual tanto para com o homem vermelho quanto para com o branco.
A Terra é preciosa para Ele, e danificar a Terra é acumular desprezo por seu criador.
Os brancos também passarão, talvez antes de todas as outras tribos.
Mas em seu desaparecimento vocês brilharão com intensidade, queimados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e para algum propósito especial lhes deu domínio sobre esta terra
e sobre o homem vermelho.
Esse destino é um mistério para nós, pois não entendemos quando os búfalos são mortos, os cavalos selvagens são domados, os recantos secretos da floresta carregados pelo cheiro de muitos homens, e a vista das montanhas maduras manchadas por fios que falam.
Onde está o bosque?
Acabou.
Onde está a águia?
Acabou.
O fim dos vivos e o começo da sobrevivência.”

Com ajuda brasileira, esporte surge como meio de reconstrução no Haiti

Corrida em Porto Príncipe é uma das iniciativas que tentam dar um novo ânimo a um país onde apenas o futebol - a duras penas – resiste Por João Gabriel Rodrigues Direto de Porto Príncipe, Haiti

24/01/2011 08h48 - Atualizado em 24/01/2011 08h48
Por João Gabriel Rodrigues Direto de Porto Príncipe, Haiti
Fonte: http://globoesporte.globo.com/atletismo/noticia/2011/01/com-ajuda-brasileira-esporte-surge-como-meio-de-reconstrucao-no-haiti.html

Nas ruas lotadas de Bel Air, estão todos aplaudindo em suas janelas ou portões. Ou em cima de escombros e lixo. Todos, também, com um sorriso no rosto, inclusive os adultos, transformando a cena em algo raro nos últimos tempos no Haiti. São 360 haitianos, além de outros 190 estrangeiros, correndo pelas vielas de um dos bairros mais pobres e violentos de Porto Príncipe. Em uma corrida de 6km organizada pelo Exército brasileiro, pela ONG Viva Rio e pela Prefeitura de Manaus, pouco importa o resultado. Em um país acostumado a perder, o escape na manhã de domingo parece perfeito de qualquer maneira, sem importar o fim.

Cerca de 360 haitianos participaram da corrida de 6km neste domingo

No Haiti, reconstrução talvez seja a palavra mais usada. Em 2010, destruído pelo pior terremoto de sua história logo no início do ano, o país caribenho só teve motivos para lamentar. Sofreu com a ameaça do furacão Tomas; com os quase quatro mil mortos pela epidemia do cólera; e com o nascimento de uma nova crise política, com acusações de fraudes nas eleições e violência pelas ruas. No meio de tanta desordem, uma série de iniciativas espalhadas por Porto Príncipe tenta fazer do esporte uma alternativa para o povo haitiano. Vencedor da corrida de domingo, o corredor amador Baptiste Jean Robert, de 42 anos, festejou o alívio.

- Acho que, hoje, represento todos os haitianos. Sou um atleta amador, já corri na Venezuela, em Barbados e em outros lugares. Estou muito contente por ter uma corrida por aqui. Nunca vi uma festa como essa, com as pessoas correndo sem medo da violência.

Acostumado a tantas vitórias, Claudinei Quirino há anos não participava de uma corrida. Prata nos Jogos de Sydney, em 2000, conquistou sua última medalha em 2005. Topou ir para o país para a Jornada Haitiana do Esporte Pela Paz, mas disse que não queria correr. No entanto, aceitou participar da largada e avisou que só estaria no primeiro quilômetro. Mas não aguentou quando viu a torcida na rua e resolveu completar o percurso.

- Todo mundo sabe que eu não corro 5km, 6km. Dei uma andadinha e ia parar, mas tinha que terminar. Você vê tanta tristeza... Foi a primeira vez que vi adultos dando risada desde que cheguei aqui. Ninguém veio para ganhar, e, por isso, todos são vencedores. Estamos mostrando que é possível mudar. Desde que cheguei, só tenho passado por coisas especiais. Aqui, tudo é superação. Quando você perde, sente dores em tudo quanto é lugar. Hoje não sinto nada. E eu não cheguei em último – disse o ex-velocista, que completou o percurso em 36 minutos e teve a companhia do também corredor Sandro Viana, do nadador Luiz Lima, do triatleta Nilo Arêas, da ginasta Dayane Camillo, do ex-jogador de vôlei Nalbert, do piloto Antonio Pizzonia e do lutador José Aldo.

Esporte como forma de reconstrução

A corrida de domingo faz parte de uma série de projetos que buscam, no esporte, um caminho para resgatar o orgulho do haitiano. Em um país apaixonado por futebol, é para dentro das quatro linhas que estão voltados os principais esforços. No quartel brasileiro, meninos haitianos fazem escolinha todos os sábados. Na cidade de Bon Repos, um novo Centro de Treinamento está sendo construído para incentivar o nascimento de novos craques.

Técnico da seleção masculina do Haiti, Edson Tavares também faz parte do projeto. Depois da parceria da Federação com a ONG Viva Rio, o treinador chegou para tentar fazer evoluir o futebol local. Após a construção do CT e a reforma do estádio Sylvio Cator, o treinador sonha com a volta do time do Brasil para Porto Príncipe.

- A importância (da volta da Seleção ao Haiti), para ser honesto, é tentar dar um acalento à população. Está todo mundo com muito medo ainda, por conta dessa instabilidade política.
Presidente da Federação de Futebol do Haiti, Yves Jean-Bart, porém, tem sonhos mais humildes. Para o dirigente, a miséria no país não atrapalha o crescimento do esporte. Mas faltam campos.

- Nós comemos uma vez por dia e já está bom. O que nos falta são campos. Não temos boas condições, não temos campos.

Se, para o futebol, as coisas são difíceis, para os outros esportes, o panorama é ainda pior. Nas últimas Olimpíadas, em 2008, em Pequim, apenas sete atletas do país conseguiram vaga. Foram dois no judô, um no boxe e outros quatro no atletismo. Na história, foram apenas duas medalhas, uma de prata e outra de bronze.

Depois do terremoto, no entanto, a situação ficou ainda pior. Com o surto do cólera, não há piscinas para a prática da natação na capital: todas estão destruídas ou fechadas devido à epidemia. Também são poucos os lugares disponíveis para treinamentos. Durante o evento de domingo, atletas brasileiros ministraram clínicas de esporte para crianças após a corrida, na sede da ONG Viva Rio. Foram quase duas horas de aulas de vôlei, atletismo, lutas, e danças. Ex-capitão da seleção masculina de vôlei, Nalbert se disse privilegiado por poder ajudar de alguma forma na reconstrução do país.

- É uma experiência única, uma das mais marcantes que eu já vivi. Chegar no Haiti e participar disso é especial. Nós estamos plantando uma sementinha. Eles ainda têm necessidades básicas, só pensam na próxima refeição. Mas o esporte ensina valores que eles precisam para reconstruir o país – disse o ex-jogador.

O representante do Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, Edmond Mulet, diz que a iniciativa brasileira é um passo para a mudança deste quadro.

- Hoje eu vejo o Haiti tomado por alegria. Há um esforço muito grande para o crescimento do esporte. Há um enviado especial da ONU que quer vir para o Haiti para ver os projetos. Ele está muito motivado para implantar isso em outras áreas de risco, como Afeganistão, Beirute, Irã... O esporte tem de estar presente em todos os lugares